sábado, 27 de novembro de 2010

Hospitais "resfriam" pacientes vítimas de paradas cardíacas para evitar sequelas


Procedimento que usa bolsas de gelo no corpo, aplicado em outros países e autorizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, começa a se expandir no País e pode virar regra mundial. Técnica é para quem perde a consciência, destaca especialista.

Uma técnica que resfria o corpo em até 5°C já é usada em hospitais de São Paulo para diminuir o risco de sequelas em vítimas de paradas cardíacas que perdem a consciência. A cada dez pacientes levados à hipotermia com o método no Hospital Municipal Doutor Moysés Deutsch, no M”Boi Mirim, pelo menos oito recuperaram os sentidos. Quando o procedimento não foi utilizado, de 60% a 90% das vítimas morreram. Dos sobreviventes não tratados, 80% tiveram sequelas.

O procedimento, simples e barato, consiste na aplicação de bolsas de gelo no corpo do paciente e, em alguns casos, injeção de soro gelado. Já aplicado na Austrália, Nova Zelândia, EUA e Inglaterra e reconhecido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, pode se tornar orientação mundial em outubro, quando será discutido em uma reunião da Sociedade Internacional de Cardiologia.

Segundo especialistas, a técnica já está consolidada por estudos que foram feitos nos últimos dez anos no exterior. As pesquisas em curso têm o objetivo de avaliar o melhor momento para colocar o paciente no resfriamento e qual temperatura deve ser atingida.

A parada cardíaca interrompe repentinamente o bombeamento de sangue pelo corpo, responsável por levar oxigênio para o resto do organismo. O alto número de mortes está relacionado à ausência de oxigênio no cérebro e ao gasto excessivo de energia por parte das células. Os neurônios morrem quando ficam sem oxigênio por mais três minutos, o que pode provocar danos irreversíveis a atividades cerebrais e motoras.

A técnica reduz a temperatura corporal de 37ºC para 32ºC durante 24 horas, o que diminui o metabolismo do cérebro em 30% e pode frear os efeitos da falta de oxigênio, afirma Antonio Cláudio Baruzzi, coordenador da UTI do Hospital do M”Boi Mirim, administrado pelo Hospital Albert Einstein, unidade privada filantrópica considerada de excelência.

Batimentos

“É um progresso. Sem o tratamento, vítimas de parada cardíaca acabavam de dois jeitos: ou morriam ou ficavam em estado vegetativo”, afirma Baruzzi. A redução de cinco graus só pode ser feita depois que o paciente recuperar os batimentos cardíacos. Bolsas de gelo são colocadas sobre as regiões onde há mais troca de calor no corpo: o pescoço, as axilas e a virilha. No Hospital do M”Boi Mirim, há também a injeção de soro gelado. “É um procedimento barato, que pode salvar vidas”, diz Baruzzi. O paciente é mantido sedado e “resfriado” na UTI por 24 horas. Após uma análise médica, é iniciado o processo de aquecimento, que pode contar com mantas térmicas e leva mais 24 horas.

Gerente médico da UTI de outro hospital de excelência, o Sírio-Libanês, Guilherme Schettino lembra que a hipotermia só é usada quando o paciente apresenta diminuição de consciência ou coma. Diretor do Centro de Treinamento em Emergência da Sociedade Paulista de Cardiologia, Agnaldo Píspico defende que o resfriamento seja aplicado já no primeiro atendimento. “A cada um minuto que o atendimento atrasa, o paciente perde 10% de chances de se recuperar.”

Fonte:http://saudefloripa33pj.wordpress.com/2010/07/01/hospitais-resfriam-paciente-vitima-de-parada-cardiaca-para-evitar-sequelas/#comment-79

Um comentário:

  1. não sabia que os hospitais podiam fazer isso com seus pacientes. A verdade, nunca escutei isso até agora.
    No meu lugar de cardiologia em porto alegre não resfriam a ninguém...

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